terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Comunidade do Seja Hundé celebra vitória

Foto: Marco Aurelio Martins/Ag. A Tarde



por Cleidiana Ramos

Após muita luta da sua comunidade, o Seja Hundé, um dos mais tradicionais terreiros de nação jeje do País, localizado em Cachoeira, no recôncavo baiano, já desfruta de proteção federal.

Isso porque o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) publicou, no último dia 10, a notificação sobre o processo de tombamento do terreiro.

É um passo seguro até o tombamento e que já protege a Casa de agressões como o desmatamento de seu espaço sagrado que aconteceu recentemente.

Esse reconhecimetno nacional para o Seja Hundé é mais uma vitória no caminho da reparação aos templos de matriz africana que já foram tão perseguidos pelo Estado em suas variadas representações.

Fonte: A Tarde

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Iphan publica notificação sobre processo de tombamento de terreiro em Cachoeira (BA)

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan publicou no Diário Oficial da União do último dia 10 (leia aqui) notificação sobre o processo de tombamento do Terreiro Jeje Zogbodo Male Bogum Seja Unde, no município baiano de Cachoeira. A partir deste comunicado, o local passa a receber proteção federal e, por esta razão, toda intervenção no terreiro, e em sua vizinhança imediata, deve ser previamente autorizada pelo Iphan. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar da publicação da notificação, os eventuais proprietários do terreiro podem se manifestar para concordar ou impugnar a iniciativa do Iphan.

O processo de tombamento se fundamenta no elevado valor histórico e etnográfico do terreiro, a ser inscrito nos Livros do Tombo Histórico e do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, conforme proposta em fase de elaboração a ser avaliada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. O tombamento deverá então corresponder ao conjunto de bens imóveis do terreiro, incluindo o sítio natural e os elementos edificados ou de espécies arbóreas referenciais dos ritos Jeje, a exemplo das Casas de Hospedagem, do Oiá (Altar), dos Pejis (cerimoniais) de cima e de baixo, com salão, "ronco" e cozinha sagrada, a Casa dos Antepassados, 12 Árvores Sagradas o Riacho Caquende - ODÉ e as margens ou lados Aziri e Avinagé.

A ocupação histórica do Terreiro da Roça do Ventura, remonta ao ano de 1858. É depositário e responsável pela preservação de umas das tradições religiosas de matriz africana, mais particularmente da liturgia do Candomblé de nação Jeje-Mahi originaria nos cultos às divindades chamadas Vodum. O Seja Unde tem fundamental importância na conformação da rede de terreiros do Reconcavo Baiano e sobretudo para a formação histórica do Candomblé como uma instituição religiosa.

Fonte: Ascom-Iphan/BA

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Iphan - Edital de Notificação - Tombamento do Terreiro

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL

EDITAL DE NOTIFICAÇÃO



NOTIFICAÇÃO A RESPEITO DO TOMBAMENTO DO TERREIRO JEJE ZOGBODO MALE BOGUM SEJA UNDE, NO MUNICÍPIO DE CACHOEIRA, ESTADO DA BAHIA - Na forma e para os fins do disposto nos arts. 6° ao 10 do Decreto-Lei n.º 25, de 30 de novembro de 1937 c/c o art. 15, parágrafo único, da Portaria n.º 11, de 11 de setembro de 1986, o INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN, dirige-se a todos os interessados para lhes NOTIFICAR que está promovendo por meio do Processo n.º 01502.000147/2009-58, o tombamento do Terreiro Jeje Zogbodo Male Bogum Seja Unde, no Município de Cachoeira, Estado da Bahia, em razão do seu elevado valor histórico e etnográfico, a ser inscrito nos Livros do Tombo Histórico e Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, compreendendo o acervo histórico, etnográfico e paisagístico, correspondente ao conjunto de bens imóveis - o sitio natural e os elementos edificados ou de espécies arbóreas referenciais dos ritos JEJE, conforme identificados e descritos a seguir: A. Gleba de terreno descrita no processo. B. Componentes referenciais: Edificados: B1. Casa de Hospedagem I; B2. Casa de Hospedagem II; B3. Oiá (Altar); B4. Peji (cerimonial) de cima; B5. Peji de baixo, com salão, "ronco" e cozinha sagrada; B6. Casa dos Antepassados; B7. Fonte de Oxum; B8. Poço; B9. Ponte; e B10. Instalações Sanitárias. Árvores Sagradas: Nana, Tiriri, Ogum Eroquê, Avequité, Zogbo, Bessém, Ogum, Ajuzum, Lokó, Badé, Aqué e Parara.Riacho Caquende – ODÉ e as margens ou lados Aziri e Avinagé. Cumpre ressaltar que o bem em comento passa a gozar de proteção por meio do IPHAN, para os efeitos previstos notadamente nos art. 17 e 18 do Decreto-Lei n.º 25, de 30 de novembro de 1937. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar da publicação desta notificação, assiste a eventual proprietário do Terreiro Jeje Zogbodo Male Bogum Seja Unde, no Município de Cachoeira, Estado da Bahia, a faculdade de anuir ou impugnar a iniciativa, após o que se prosseguirá na forma do disposto nos arts. 6º ao 10 do Decreto-lei n.º 25/1937, combinado com o art. 1º, da Lei n.º 6.292, de 15 de dezembro de 1975. Ressalte-se, a necessidade de manifestação da Superintendência Estadual do IPHAN, situada na Casa Berquó - Rua Visconde de Itaparica - 08, centro, Barroquinha, CEP: 40.020-080, Telefone: (71) 3321-0133, para os processos de licenciamento envolvendo tanto os bens tombados como aquele(s) situado(s) em sua área de entorno. AMPARO LEGAL: Art. 216, inciso V, da Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988; Decreto-Lei n.º 25, de 30 de novembro de 1937; Portaria n.º 11, de 11 de setembro de 1986; Lei n.º 6.292, de 15 de dezembro de 1975; Lei n.º 8.029, de 12 de abril de 1990; Lei n.º 8.113, de 12 de dezembro de 1990; Decreto n.º 6.844, de 7 de maio de 2009; Lei n.º 9.784, de 29 de janeiro de 1999. CORRESPONDÊNCIA PARA: Presidente do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural - SBN, Quadra 02, Edifício Central Brasília, 6° andar, Brasília, Distrito Federal - CEP: 70.904-040. DALMO VIEIRA FILHO Presidente do Instituto - Substituto (publicado DOU nº 6, seção 3, pag. 15 e 16)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Ventura pede Socorro


Os membros da Roça do Ventura, espaço sagrado que abriga tradicional terreiro de candomblé da nação jeje marrin, estão pedindo providências as autoridades competentes contra a devastação de áreas consideradas sagradas para o culto dos voduns. Temem que o desmatamento atinja a denominada Roça de Baixo, onde funciona a casa do candomblé cercada de árvores e por onde passa despoluido o Riacho do Caquende. Na foto, o runtó da casa, Buda, mostra até onde já chegou o desmatamento. Nas contas de pesquisadores, o terreiro do Ventura teria sido fundado naquele local há mais de três séculos. Trata-se de um importante patrimônio religioso, cultural e natural de Cachoeira.


Fonte: Blog da Jornalista Alzira Costa

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Foto: Marco Aurélio Martins / AG. A Tarde


por Cleidiana Ramos


A Sepromi abriu inscrições para a seleção de estudantes que vão trabalhar no projeto Mapeamento dos Espaços de Religião de Matriz Africana nos Territórios de Identidade do Baixo Sul e do Recôncavo. O prazo para se inscrever termina na próxima quarta-feira, dia 23. São 20 vagas com bolsas no valor de R$350, mais diária de R$200. Os concorrentes devem estar matriculados em períodos a partir do 3º semestre e matriculados em instituições de ensino superior devidamente registradas pelo Ministério da Educação (MEC).

Os selecionados vaõ assumir o compromisso de manter o bom desempenho escolar e não podem firmar vínculos empregatícios durante o período de vigência da bolsa. As inscrições podem ser efetivadas na sede da Sepromi (Centro Adminstrativo da Bahia (CAB, Salvador), das 9 às 12 horas e das 14 às 17 horas ou postadas nos Correios (via sedex) para o seguinte endereço: Secretaria de Promoção da Igualdade, Centro Administrativo da Bahia – CAB, 2ª Avenida, 250, Anexo B, Blocos A e B, Paralela, CEP – 41745-003 – Bahia – Brasil. No próximo dia 30 sai o resultado da seleção no site da Sepromi(www.sepromi.ba.gov.br) e no Diário Oficial do Estado. No site também estão os detalhes do edital e documentos necessários para a inscrição.

O projeto de mapeamento dos terreiros vai acontecer por meio de uma parceria entre a Sepromi e a Seppir, em conjunto com as prefeituras e organizações da sociedade civil dos municípios envolvidos. Os dados coletados serão disponibilizados em um apublicação impressa e na Internet e vão servir de base para a elaboração de políticas públicas de atendimento às comunidades religiosas.

A ideia do projeto é traçar o histórico dos terreiros, condições físicas e de infraestrutura; recursos ambientais, trajetórias de luta e resistência; e o perfil das autoridades religiosas (sexo, raça, formação, dentre outras informações).

No Baixo Sul, os municípios incluídos no projeto são Aratuípe, Cairu, Camamu, Gandu, Igrapiúna, Ituberá, Jaguaripe, Nilo Peçanha, Piraí do Norte, Presidente Tancredo Neves, Taperoá, Teolândia, Valença, Wenceslau Guimarães. No Recôncavo o projeto contempla Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves, Conceição do Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo Costa, Governador Mangabeira, Maragojipe, Muniz Ferreira, Muritiba, Nazaré, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, São Felipe, São Félix, São Francisco do Conde, Sapeaçu, Saubara e Varzedo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Torcida pela Roça do Ventura

Foto: Marco Aurélio Martins/Ag. A Tarde




por Cleidiana Ramos


Ontem, o terreiro Seja Hundé, também conhecido como Roça do Ventura, situado em Cachoeira realizou uma das suas mais importantes cerimônias anuais: a Fogueira de Kaviono. No dia 23 teve também a Fogueira de Bessen.

De tradição jeje, o Ventura é um dos mais antigos terreiros baianos e a comunidade de lá está na batalha para conseguir o tombamento como patrimônio e uma reforma emergencial.

A primeira demanda está tramitando no Iphan e a segunda à espera de uma resposta do governo do Estado.

O terreiro está com sérios problemas em suas partes construídas, principalmente o barracão: instalações elétricas precárias- em algumas situações recorre-se ao velho candeeiro-, paredes rachadas e dificuldades para o acesso a suas dependências.

O Seja Hundé fica a três quilômetros da cidade. Para chegar é preciso vencer uma encosta. Com as chuvas ficou ainda pior para acessar a ladeira. Segundo o ogã Marcus Alessandro, algumas pessoas chegam a desistir de ir até lá.

Mas para quem insiste e vence as barreiras a visão que a Roça do Ventura oferece é de tirar o fôlego: áreas verdes, fontes, enfim, um espaço realmente mágico.

E sem falar que o pessoal que lidera a Casa é uma simpatia: ogã Boboso, 103 anos, ogã Bernardino, 92 anos, vodúnsi Alda e vodúnsi Alaíde. Os mais novos da Casa também não ficam atrás: ogã Buda e ogã Marcus Alessandro.

Fica aqui a torcida para que o Ventura consiga resolver o mais rápido possível estas suas demandas.